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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Semana Nacional da Vida 2014


Artigo do Padre Carlinhos, Assessor da Pastoral Familiar da Arquidiocese de Aparecida, sobre a Semana Nacional da Vida, vale a pena ler e compartilhar.

A Semana Nacional da Vida e o Dia do Nascituro.
“Vida e Missão: Lançar as Redes em Águas mais Profundas”
De 1 a 7 de outubro celebramos a Semana Nacional da Vida, recordando que o dia 8 de outubro é o Dia do Nascituro. A Semana Nacional da Vida foi instituída, em 2005, durante a 43ª Assembleia Geral da CNBB. O Dia do Nascituro é um dia em homenagem ao novo ser humano; à criança que ainda vive dentro da barriga da mãe. A data celebra o direito à proteção da vida, à saúde, à alimentação, ao respeito e à um nascimento sadio.
O objetivo é suscitar nas consciências, nas famílias e na sociedade o reconhecimento do sentido e valor da vida humana em todos os seus momentos. Queremos com isso, mobilizar toda a sociedade, nas paróquias e comunidades a reflexão e suscitar atitudes sobre a importância do cuidado, da proteção e a dignidade da vida humana, em todas as suas fases, desde a concepção até seu fim natural. A vida humana, desde o seu primeiro momento da concepção deve ser salvaguardada com extrema solicitude.
Como todos os anos, a Pastoral Familiar, junto com os demais membros da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), elaboram o subsídio Hora da Vida, um grande instrumento para ser utilizado nas reuniões familiares, comunitárias e de grupos, celebrações eucarísticas, aprofundando o valor e o sentido da vida e da dignidade humana. Esse ano o tema é: “Vida e Missão: Lançar as Redes em Águas mais Profundas”.
O tema é um convite para vivermos o nosso testemunho de cristãos e defensores da vida com toda profundidade e não na superficialidade. Convido todos nesse período a organizarmos em nossas comunidades e paróquias, momentos de reflexão e celebração a favor da vida e da dignidade humana, promovendo vigílias de oração pela vida, fórum de discussões, momentos celebrativos usando simbologias adequadas e expressivas, que se busque na medida do possível a aproximação ecumênica e envolva todas as pastorais, movimentos e organismos vivos de nossa paróquia e comunidades.
Devemos lutar para superar uma sociedade que ainda respira a Cultura de Morte que coisifica e mercantiliza a vida. Dentre as várias características dessa cultura de morte podemos destacar: a liberdade individualista, o culto do bem estar, a rejeição da deficiência, a laicização, os avanços médicos-científicos e a legislação permissiva.
Em nossa sociedade há uma sensibilidade muito especial para tudo que cheira a liberdade. Porém, muitas pessoas tem um entendimento muito errado sobre o que de fato significa liberdade. É preciso deixar claro que liberdade não é sempre poder decidir aqui e agora a partir de um ponto zero, sem compromisso, mas existem valores preexistentes que devem ser nosso guia e que não ameaçam ou negam a nossa liberdade, mas garantem uma liberdade sadia e edificante, como por exemplo o Decálogo. Muitos grupos pró aborto evocam pura e simplesmente a liberdade para defender seus interesses com as famosas frases de efeito: “a mulher tem o direito de fazer do seu ventre o que quiser” ou “O corpo é seu”. O que vemos é um uso individualista da liberdade e dos direitos que faz da vida um produto que se pode abusar e abusar da forma que quiser.
Vivemos uma sociedade que presta culto ao corpo perfeito, vigoroso, dinâmico, sendo assim, se aceita mal a pessoa doente, deficiente. A sociedade fica escrava dos modelos preconcebidos pelo mercado de um ideal de super-humanos. Ter limitações não significa que também se limita a sua dignidade. A prova mais autentica do apreço pelo homem e pela sua dignidade patenteia-se quando temos uma atitude positiva para com os deficientes.
Podemos facilitar as opções responsáveis dos pais e familiares perante o temor ou a realidade de um ser deficiente, não só com a nossa solidariedade econômica, mas também com uma postura mais positiva e acolhedora para com toda vida diminuída, além de cobrar o apoio das autoridades politicas com ajuda médica e psicológica, tanto para o deficiente, como para a sua família. Isso não é caridade, mas um dever do Estado.
Vivemos, infelizmente, numa sociedade que tem como característica a perda do sentido religioso, onde a vida é feita como se Deus não existisse ou o limita-o. A vivência de uma fé madura e ativa ajuda e muito a inibir a propagação de pensamentos contra a dignidade da vida humana. A perca do sentido religioso é fruto do secularismo que tira Deus do centro da vida humana, colocando-o a margem, sendo o homem o centro de si mesmo, gerando, assim, os famosos “ismos” da nossa sociedade: consumismo, individualismo, a indiferença religiosa, etc.
Nossa sociedade presta culto ao bem estar, sobretudo, material e tem uma grande dificuldade de encarar o sofrimento. Dessa forma, tudo que gera tensão, sofrimento, dificuldade há logo a tendência espontânea para a sua eliminação. Esta procura do bem estar pessoal gera, frequentemente, indivíduos egoístas e insensíveis aos bens e direitos mais elementares dos outros. Cultivar somente o bem-estar, não deve deixar de implicar também na capacidade para tolerar as dificuldades inevitáveis e, sobretudo, para nunca as eliminar à custa de um bem estar fundamental dos outros.
Sem dúvida é importante apostar e incentivar os avanços médico- científicos, que trazem para nós grandes chances de tratar e recuperar a vida, mas também é preciso questionar quais são as éticas que norteiam essas pesquisas para que haja os avanços?
Enfim, são dois os tipos de leis que contribuem para a deteriorização do valor da vida e da dignidade humana: as permissivas do aborto e as que autorizam o estudo e a experimentação até os 14 dias após a fecundação, com embriões concebidos em laboratório. É preciso analisar com profundidade o impacto de leis despenalizantes no aumento do número de abortos e o uso indiscriminado de embriões que são destruídos para fins de pesquisa.
Concluímos e reafirmamos que o ser humano deve ser respeitado e tratado como pessoa com todos os seus direitos desde a sua concepção até o seu término natural.
Pe. José Carlos de Melo
Assessor da Pastoral Familiar- Arquidiocese de Aparecida.